domingo, 22 de janeiro de 2012

Contos, poesias, frases e afins - 2

Continuando com o tema iniciado na publicação anterior, trago outro poema de Cora Coralina, cuja biografia foi levemente transcrita na publicação anterior.

Aninha E Suas Pedras

(Outubro, 1981)

Não te deixes destruir...
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.

Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.

Faz de tua vida mesquinha
um poema.
e viverás no coração dos jovnes
e na memória das gerações que hão de vir.

Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.


Retirado do livro Cora Coralina, seleção de Darcy França Denófrio, coleção melhores poemas, 1° edição de 2004.

Namastê. Au revoir.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Contos, poesias, frases e afins - 1

Esta é uma publicação de nova temática, assim como também criei o tema Recursos. Neste tema serão abordados pequenos contos, poesias diversas, frases citadas por diversos autores (como Einstein, Drumond, Gandhi, entre outros) e demais itens que se encaixam na mesma categoria.

Para começar, trago um poema de Cora Coralina. Esta poetisa goiana, de nome Ana Lins dos Guimarães Peixoto, nascida em 20/08/1889, sob o pseudônimo de Cora Coralina, começou sua carreira de poetisa em 1956 aos 76 anos de idade. Recebeu elogios de diversos artistas da época, como Carlos Drummond de Andrade, em 1979. Escreveu sobre diversas coisas, dentre os quais faz parte a vida interiorana da cidade de Goiás, onde residia antes de falecer em Goiânia em 1985 (e onde sua casa se tornou museu, juntamente com suas obras após sua morte).

MINHA CIDADE

Goiás, minha cidade...
Eu sou aquela amorosa
de tuas ruas estreitas,
curtas,
indecisas, entrando,
saindo
uma das outras.
Eu sou aquela menina feia da ponte da Lapa.
Eu sou Aninha.


Eu sou aquela mulher
que ficou velha,
esquecida,
nos teus larguinhos e nos teus becos tristes,
contando estórias,
fazendo adivinhação.
Cantando teu passado.
Cantando teu futuro.


Eu vivo nas tuas igrejas
e sobrados
e telhados
e paredes.


Eu sou aquele teu velho muro
verde de avencas
onde se debruça
um antigo jasmineiro,
cheiroso
na ruinha pobre e suja.


Eu sou estas casas
encostadas
cochichando  umas com as outras.
Eu sou a ramada
dessas árvores,
sem nome e sem valia,
sem flores e sem frutos,
de que gostam
a gente cansada e os pássaros vadios.


Eu sou o caule
destas trepadeiras sem classe,
nascidas na frincha das pedras.
Bravias.
Renitentes.
Indomáveis.
Cortadas.
Maltratadas.
Pisadas.
E renascendo.


Eu sou a dureza desses morros,
revestidos,
enflorados,
lascados a machado,
lanhados, lacerados.
Queimados pelo fogo.
Pastados.
Calcinados
e renascidos.
Minha vida,
meus sentidos,
minha estética,
todas as vibrações
de minha sensibilidade de mulher,
têm, aqui, suas raízes.


Eu sou a menina feia
da ponte da Lapa.
Eu sou Aninha.


Retirado do livro Cora Coralina, seleção de Darcy França Denófrio, coleção melhores poemas, 1° edição de 2004.

Namastê. Au revoir.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Natal

Era pra eu ter feito esta publicação no fim de semana que ocorreu o natal, porém a correria foi grande, festas, parentes chegando e preparação para viagem. Acabei esquecendo e transferindo para hoje, já que cheguei de viagem na metade desta semana e onde eu estava não funcionava celular, não tinha internet nem computador e a televisão foi esquecida.

Esta será uma publicação curta e rápida, onde falarei sobre o natal. Data muito importante mundialmente e mais importante ainda para os católicos (devido à influência do Catolicismo no quadro mundial, mas na verdade, para os cristãos como um todo). Esta seria a data que comemoraríamos o nascimento de Jesus, o maior dos avatares que recebemos, porém o que se vê por aí não é bem isso... A começar pelo motiva da comemoração que, segundo a revista Super Interessante, não seria a data correta do nascimento do Cristo (mas isso não vem ao caso). Poucos se lembram que o real motivo do natal é este grande nascimento, que deu início a uma nova era de maior paz e crescimento à humanidade, cujo ponto mais importante é, também, a valorização da família. Jesus foi substituído por um Bom Velhinho, com barba grade e farta, que se veste de vermelho e só aparece neste dia específico do ano. Porém isso não muda muita coisa, já que a intenção do Papai Noel é disceminar na caridade, generosidade, valorização do bom comportamento social (na escola, com os pais etc) e a gratificação pelo ano que passou.

Papai Noel é, na verdade, o senhor Nicolau de Mira, São Nicolau ou Santa Claus do século III, do qual poucos já ouviram falar e que deu origem ao mito que celebramos nos dias atuais. Daí a parte ruim do natal. Não pelo Santo ou o que ele representa, ao contrário: a troca de presentes. É, presente não é algo tão ruim, mas no que isso se transformou ao longo do tempo se tornou um "problema". Segundo a tradição, deve haver troca de presentes no dia de natal (o próprio Papai Noel traz presentes num saco bem grande para dar para as crianças), contudo isso fez com o que esta data festiva se transformasse em mais uma data comercial. Ainda mais se associarmos o 13° salário a isto. Portanto, o natal se transformou em mais um modo de ganhar dinheiro e explorar a população mundial, utiliando a imagem de um "Bom Velhinho" e fazendo-se esquecer do nascimento do Cristo. É compreensível que queiramos presentear quem nos é caro e faz parte da condição evolutiva atual da humanidade, visto que necessitamos de algo material para expressarmos agradecimento, apreço ou afeto (o que não será mais daqui há muitas décadas ou alguns séculos).

Ficam de lado os valores morais e abraços sinceros para se dar lugar a presentes comprados no frenesi do comércio. E não é só isso: a época se transformou num símbolo de caridade e solidariedade, mas que eu vejo frequentemente como oportunidade de se dar esmolas em troca de remissão de falta, de pecado, de tempo, entre outros. Isto é, natal é data marcada para se fazer "caridade", como se no resto do ano não fosse possível fazê-la ou não tivesse importância. Nesta época do ano se proliferam campanhas em favor dos pobres ou pessoas que passam por dificuldades (como moradores de ruas e usuários de drogas), fazendo parecer que no resto do ano não se dá importância a esse tipo de coisa. Porque a ajuda e se importar com o próximo tem que vir só nesta época do ano? Neste sentido não falo somente da caridade social, mas também de reconciliações de brigas que acontecem na vida (entre familiares próximos ou distantes, colegas de trabalho etc). Engraçado, deve ser o famoso "espírito natalino" (que gostaria que acontecesse o ano todo), mas pode ser a falta de tempo da modernidade... Obviamente estou sendo generalista, mas gostaria que este texto trouxesse reflexão sobre qual o real sentido do natal.

Atrasado, mas ainda em tempo: Feliz Natal e Feliz Ano Novo, com um 2012 repleto de saúde, amor, sabedoria, prosperidade, realizações e alegria!

Namastê. Au revoir.