quarta-feira, 6 de julho de 2011

Toque


Não é T.O.C. (Transtorno Obcessivo Compulsivo) e muito menos toque retal. É toque mesmo, de contato, do verbo tocar. Depois de um acontecimento no trabalho fiquei pensando na importância desta na nossa vida e as dificuldades que podem nos causar.
No Japão ele é restrito, talvez como sinônimo de respeito, mas acaba "afastando" as pessoas de certa forma. Ao contrário do Brasil, que é um povo mais receptivo neste sentido e abraça e beija até mesmo pessoas que não conhecem. O toque é bom, mas pode trazer constrangimento em certas ocasiões, se não tomarmos cuidado.
Por exemplo um homem tocando uma mulher, uma mulher tocando um homem ou um homem tocando outro homem (mulher com mulher é mais comum e "aceito", por isso não citei). Pode-se entender, pra quem está de fora (ou menos pra quem participa disso "inocentemente"), que um está tirando proveito do outro, seja de qual parte for. Pior ainda se for entre 2 homens, porque aí entra em jogo o machismo, conservadorismo e preconceito ("oh, meu Deus, o que os outros vão pensar?"). Mesmo que as partes façam isso inocentemente, sem querer ou perceber (pois pode ser a mania de alguém, que fala tocando ou cutucando outros), sem qualquer intensão por trás do ato, porque daí pode-se sugerir homossexualismo e "denegrir" a imagem dos sujeitos em questão. É complicado. Bem como também é complicado se tiver idade em questão. Poderiam dizer que o (a) senhor (a) é assanhado e está querendo tirar casquinha do (a) outro (a) ou que o (a) mais novo (a) está desrespeitando a pessoa.
Complicado para aqueles que, como citei acima, têm a mania de falar tocando alguém, mesmo que seja no antebraço, ombro etc e sem maior significância. Pode trazer problemas inconscientes relacionados à sexualidade, denegrimento da imagem (como no caso dos homens), constrangimentos outros ou simplesmente não gostar de serem cutucados, tornando, assim, a pessoa chata e inconveniente (como costuma-se pensar), sem que ela o seja. Não posso esquecer de citar também os que têm dificuldades/resistência de algumas pessoas ao toque, seja porque motivo for.

Há ainda os exemplos de personagens fictícios, como no caso de Vampira (Rogue - na imagem ao lado à esquerda) e Decompositor (Wither - na imagem abaixo à direita), ambos de X-Men. Vampira tem a habilidade incontrolável de absorver a energia vital, lembranças e habilidades das pessoas que toca (no caso de outro mutante, pode absorver temporariamente seus poderes) e Decompositor também tem a habilidade incontrolável de decompor qualquer matéria orgânica que toque. Portanto, ambos vivem em regime de exclusão permanente. E quais os danos psicológicos que isso pode causar? Vamos ver a seguir.
"Imagine uma vida sem toque. Uma vida em que você pode ver as pessoas à sua volta, interagir com elas, mas nunca tocá-las. Nós, humanos, somos seres táteis, observando constantemente o modo como os outros mexem o corpo, tocam-se uns aos outros, seja com um aperto de mão, um abraço, um tapa nas costas ou um beijo. Vampira não nasceu incapaz de tocar; o mundo parece ser indiferente às nossas esperanças e sonhos. Ela tem uma das habilidades para as quais nenhum apoio social seria suficiente: não pode tocar ninguém sem ferir a pessoa. Este é um traço que é útil no combate, mas não na interação com as pessoas queridas." (trecho retirado do livro X-Men e a Filosofia, capítulos 7 e 13, por Rebecca Housel e J. Jeremy Wisnewski, Ed. Madras).
Este trecho sobre Vampira também serve para Decompositor, pois as restrições impostas pelas habilidades de um é a mesma para ambos. Agora vamos voltar à realidade. Imagine o quão difícil é, por exemplo, para pessoa que tem essa mania de tocar outras pessoas enquanto conversa, ter que se vigiar constantemente para não fazer algo que não é natural para ela (no caso tocar enquanto conversa). Outro ponto para reflexão é que, com isso, nos tornamos mais carentes, o que reflete na nossa relação com o mundo, em especial na relação amorosa. Abaixo transcrevo parte de um texto que achei na internet e que fala sobre a carência (coisa que cresceu assustadoramente nos últimos tempos, por diversos motivos).
"Não conseguimos findar relacionamentos que não existem mais, ficamos tão desesperados em falar com aquela pessoa que apenas nos deu um sorriso, ou ainda se foi um beijo descompromissado, já o consideramos o amor de nossas vidas.
As pessoas estão muito carentes de afeto. O sexo é mais instigante do que o amor gratuito, seja entre amigos, namorados ou mesmo ficantes. E ao se dar conta de que o contato físico não supre o que buscamos vem a frustração e, então, a busca se inicia novamente, voltando ao mesmo ciclo de antes.
E, quando nos damos conta, ao menor sinal de aproximação nos vemos fantasiando romances, criando expectativas, se iludindo com mentiras e gestos inofensivos. Não que o acaso possa nos reservar algo agradável, mas dar tiro para o alto corre-se o risco de não acertar nenhum alvo ou ainda de que a bala retorne em sua direção."

Era isso o que tinha me proposto a trazer para reflexão. Vamos aguardar sobre o tema para a próxima publicação agora, pois ainda não defini sobre o que será.
Au revoir.

Um comentário:

  1. Não sei se o toque é tão ruim assim,pois existem muitos estudos que comprovam a eficácia e a importância dos mesmos.Mas,existem pessoas que são mais afetivas,outras efetivas;o que também irá refletir no seu comportamento.E existem pessoas que se identificam com outras,buscando amigos(as)muitas vezes e não amores de suas vidas e talvez estas por serem um pouco carentes ou estarem mais carentes,passem uma idéia errada ou outros interpretam de forma errada.Nas famílias italianas por exemplo o toque(beijo entre os homens no rosto/testa é algo comum entre pais/filhos/tios)e este é um comportamento bem antigo.O abraço tem efeito segundo a psicologia de mudar o humor da pessoa para melhor,etc.
    Bem como conversar,trocar idéias é algo bem salutar e nem sempre precisa haver algo além disso.Mas é preciso que fique claro para ambos ,assim como no toque;porque se alguém acha que estamos invadindo o espaço dele tocando,ou de outra forma-é legal um "toque "também nesse sentido.Existem também aqueles que acham que as pessoas estão desarmadas e se está sendo legal pra você está sendo pro outro-a descoberta de um amigo virtual por exemplo, e de repente pro outro,essa definição possa ser exagerada ou o mesmo não quer assumir este papel.E como tudo na vida ,é reformular,reaprender,se não faz sentido-procurar reencontrar.Todos nós temos alguma dificuldade,um tem uma ,outro tem outra ou até mesmo a mesma ou tinha ,etc.E assim é a vida,de superação,reinvenção,descobertas-encontros/desencontros.Mas,nem tudo é como parece muitas vezes e nem como já estabelecido por outros."Generalizações"(nem sempre são corretas).LUZ.

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