quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Liberdade e libertinagem



É relativamente simples falar desse tema, visto que está bastante explícito e fácil de distinguir um e outro no mundo hoje. Inicialmente vamos aos conceitos para só então discutir:
Liberdade: Condição de uma pessoa poder dispor de si; faculdade de fazer ou deixar de fazer uma coisa; o uso dos direitos do homem; ausência de servidão, submissão e determinação, qualificando-se como independência do ser humano; constitui o comportamento humano voluntário; autonomia de um sujeito racional.
Libertinagem: Desregramento; uso da liberdade sem o bom senso, acabando por transformá-la em um veículo prejudicial a si próprio ou aos outros.

A liberdade é caracterizada por se fazer escolhas de forma racional, levando em conta e aceitando as consequências advindas desta escolha. Também é conhecida por alguns como livre-arbítrio. De qualquer forma, há muitas pessoas que ainda confundem liberdade com libertinagem, fazendo desta um estilo de vida um tanto arriscado, para si e para outros. Acho importante frizar isso, pois a todo momento nos deparamos com esta contradição, especialmente porque estamos praticamente no período do carnaval, época perfeita para se divertir sem limites. Mas o carnaval vai ficar para a próxima postagem.

Às vezes queremos que nossa mão chegue além do que o braço pode esticar, mas esbarramos no limite do espaço de uma outra pessoa. Algumas pessoas invadem o espaço do outro, consciente ou inconscientemente, e se sentem incomodadas, já outros o fazem sem a menor cerimônia como se fizesse parte dele próprio. Não sabe distinguir ele mesmo de outra pessoa. Temos nossa liberdade de escolha e temos que saber usá-la, foi pra isso que Deus nos dotou da capacidade da inteligência, do raciocínio e da individualidade. Ou seja, tudo o que escolhemos e fazemos se volta para nós, não para os outros. Inicialmente pode parecer que o outro foi atingido, mas mais cedo ou mais tarde volta para nós, como se fosse um espelho. Eis aí o karma/carma citado pelos hindus, budistas e outras religiões. O carma em sí não tem nada de ruim, isso é uma ideologia criada pelo homem, mas ele é colocado como ruim porque geralmente as escolhas que fazemos provém do egosísmo, do orgulho e da vaidade.


A liberdade é a grandeza de poder fazer escolhas e escolher é sacrificar. Sacrificar outras coisas e possibilidades em detrimento de uma só. E depois da escolha vem as consequências e temos que aceitá-las, pois foi o que nós mesmos escolhemos para nós. Aceitar com resignação. Se essas escolhas não tivessem consequências, se nos permitíssimos voltar atrás no que não é admitido naturalmente, a liberdade se tornaria vazia e improdutiva. Além disso, estaríamos anulando nossa personalidade, pois somos aquilo que escolhemos para nós, mesmo que tenhamos apenas um caminho a seguir ou quando uma outra pessoa se sobrepõe a nós, daí vale a pergunta: "o que fazer com o que fizeram de mim?". Além do que, aceitar escolhas não diz respeito apenas ao que escolhemos para nós mesmo, mas também aceitar o que os demais escolhem para si. Na realidade fazemos justamente ao contrário: queremos tomar decisões pelos outros achando que será melhor para ela do jeito como pensamos e não como ela escolheu. Com isso cabe fazer uma pergunta: o que nós achamos que será bom para ela é o que é de fato ou fazemos isso porque será melhor para nós, de alguma forma?

É difícil fazer com que as pessoas compreendam aquilo que ainda não sentem. Cada pessoa tem um conceito diferente, o que faz parecer que, eu e outras pessoas que batem nessa mesma tecla maquiada de clichê, estamos tentando ensinar física para crianças do jardim. Eis aí a ignorância do ser humano. Não é raro encontrar quem queira ter seus direitos atendidos, mas é raro quem sequer lembre que, além dos direitos, temos também os deveres. E temos muitos deveres. Inclusive deveres para conosco mesmos, o que significa que a liberdade que temos é para ser usada também em benefício próprio, sem nos prejudicarmos. E se ficarmos apenas gozando dos prazeres da vida sem tirarmos nada de proveito, sem aprender, sem fazer nossa parte não teremos esta liberdade verdadeira, teremos uma prisão. Eis o auto-enclausuramento ou o "carma ruim", como colocado anteriormente. A vida foi feita para sermos felizes, mas não essa felicidade fugaz e materialista que muitos pensam e querem. A vida não é só "sexo, drogas e rock'n roll". Repito que não estamos na vida à passeio, mas muitos preferem ficar pelo caminho perdendo tempo com distrações.

Podemos, então, exercê-la de forma positiva ou negativa. E podemos chegar à tão sonhada paz com esta liberdade do qual falei... ou podemos chegar à prisão. Nós é que escolhemos onde vamos. Mas também podemos ter paz na prisão. E o contrário da liberdade é a prisão, então vamos falar um pouco disso também. Abaixo transcrevo um trecho do discurso feito por Prem Rawat do projeto Palavras de Paz, que pode ser visto no site ou no VcTubo sobre a Luz Interior, que também fala sobre a liberdade:

"Parece que estamos aqui para desfrutar. Temos um corpo que detesta sentir dor e adora sentir prazer. Talvez o propósito desta viagem não seja a dor, o sofrimento, mas podermos sentir a experiência suprema. O supremo pode ser esse poder que torna todas as coisas possíveis, que lhes dá energia, que as move. Mas o que é fascinante não é entendermos o universo, mas saber o que lhe dá energia também está dentro de nós. E isso nós podemos experimentar. Porque quando experimentamos, ficamos cheios de paz, cheios de felicidade.
A cada um de nós foi dada uma oportunidade de sentir plenitude, de sentir paz. A paz que pode ser sentida na prisão. E o que me maravilha é que mesmo na pior das situações há esperança. Há uma flexibilidade, uma compreensão e uma força em cada ser humano. E é essa força que nos faz avançar até a porta de entrada para a paz interior. Estar preso e isolado é o pior dos castigos. Estar sozinho. Eu... comigo. A liberdade está dentro de você. Pode sentir a liberdade, mesmo que esteja trancado numa prisão."

Para finalizar, a liberdade é direito de todos, principalmente no que diz respeito a libertar-se de si mesmo. Libertar-se das suas dificuldades, defeitos e apegos. A liberdade leva tanto à prisão e ao sofrimento quanto leva à paz e a felicidade. Basta saber que caminho vamos percorrer.
E vou ficando por aqui, pois ainda há muito pano pra manga.
Quem sabe não volto a falar disso novamente no futuro?
Au revoir.

3 comentários:

  1. Será bom ler mais sobre isso sim... Gostei muito, Leandro! Seus artigos estão ótimos!

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  2. Vou continuar lendo de agora pra frente, Lio!

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  3. Faz muito sentido.Mas,nem sempre a prática acompanha a teoria.Não que isso não seja possível.Digo no sentido de que muitas vezes nossas escolhas não dependem só de nós e que às vezes este processo(caminho)é gradual,não tão rápido (como absorvemos estes conceitos).Mas,acredito que nada é impossível,difícil sim.E ainda sim não podemos e nem devemos desistir.LUZ.

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